domingo, 10 de fevereiro de 2013

O amor...


O amor
Quando o amor o chamar
Se guie
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados
E quando ele vos envolver com suas asas
Cedei-lhe
Embora a espada oculta na sua plumagem possa feri-vos
E quando ele vos falar
Acreditai nele
Embora a sua voz possa despedaçar vossos sonhos como o vento devasta o jardim
Pois da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica
E da mesma forma que contribui para o vosso crescimento
Trabalha para vossa poda
E da mesma forma que alcança vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol
Assim também desce até vossas raízes e a sacode no seu apego à terra
Como feixes de trigo ele vos aperta junto ao seu coração
Ele vos debulha para expor a vossa nudez. Ele vos peneira para libertar-vos das palhas
Ele vos mói até extrema brancura
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis
Então ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma no pão místico do banquete divino
Todas essas coisas o amor operará em vos para que conheçais os segredos de vossos corações
E com esse conhecimento vos convertais no pão místico do banquete divino
Todavia se no vosso temor procurardes somente a paz do amor, o gozo do amor
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez, abandonásseis a ira do amor
Para entrar num mundo sem estações onde rireis, mas não todos os vossos risos

E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas

O amor nada dá, se não de si próprio

E nada recebe, se não de si próprio

O amor não possui nem se deixa possuir

Pois o amor basta-se a si mesmo

Quando um de vós ama, que não diga 'Deus está no meu coração'

Mas que diga antes 'Eu estou no coração de Deus'

E não imagineis que possais dirigir o curso do amor pois o amor se vos achar dignos determinará ele próprio vosso curso

O amor não tem outro desejo se não o de atingir a sua plenitude

Se contudo amardes e precisardes ter desejos

Sejam estes os vossos desejos

De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho que canta sua melodia para a noite

De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada

De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor

E de sangrardes de boa vontade e com alegria

De acordardes na aurora com o coração alado e agradecerdes por um novo dia de amor

De descansardes ao meio-dia e meditardes sobre o êxtase do amor

De voltardes pra casa à noite com gratidão

E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado

E nos lábios uma canção de bem-aventurança...









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